domingo, 6 de maio de 2012

Ele olhava-me de maneira estranha...


Ele olhava-me de maneira estranha, como se já conhecesse este lugar, como se as minhas palavras fizessem todo o sentido, e nada disto fosse novidade. Eu não sabia como expressar-me, outra maneira de dizer o que deveria ser dito, eu não poderia mais adiar. Era estranho olha-lo daquela forma, como se naquele exato momento ele fosse à pessoa mais essencial do mundo para mim, alguém que jamais chegou nem perto de ser meramente importante, mas naquele momento ele o era. Sorri meio sem jeito, puxando o lábio inferior a baixo, de lado... 
Não sabia mais como mexer as mãos, se deveria e ainda possuiria permissão para tocar as dele, tudo era completamente estranho e sombrio naquele momento. É difícil dizer a alguém que as coisas não vão bem, que o término é o mais racional, que o futuro pode reservar coisas boas para ambas às partes, por mais que o outro já saiba de tudo isso, de trás para frente. É difícil consolar outra pessoa ao mesmo tempo em que a magoa, tocar delicadamente seu rosto, afastando uma mecha loura escura qual insiste em cair e posicionar-se entre seus olhos. 
É tão doloroso pra mim, quanto para ele, dizer que os sonhos nem sempre dão certo, nem sempre finalizam-se da maneira que o princípio fez-nos pensar. É absolutamente sombrio olha-lo nos olhos, tocar seus ombros, sorrir de maneira torta e sem jeito, enquanto ele ainda fita-me de maneira estranha, demonstrando saber todos os meus próximos passos e frases descompassadas, trêmulas... E mesmo assim prosseguir piscando lentamente, fixando nele meu olhar mais doce, e convicto, falando roucamente que deu certo sim, mas que passou, e depositando em seus lábios praticamente intocáveis para mim naquela situação, um último beijo, um emaranhado de despedida, desespero e saudade.

2 comentários:

  1. Olá!

    É muito bom ler uma romântica. Esta escola literária me influenciou muito, mas ao pensar o mundo e a distância - do que as pessoas fazem, e o que elas praticam - me afastou um pouco do romantismo e me aproximou do naturalismo. Perceber as pessoas concretas, boas e más, amorosas e rancorosas, ou seja, humanas...
    Mas nunca deixarei de ser romântico, por mais que eu não queira sonhar.
    Parabéns pelas linhas subjetivas e sonhadoras.

    Abraços!

    Paulo

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    1. Olá Paulo, um comentário seu sempre é bem vindo.
      Fico feliz que tenha gostado, infelizmente grande parcela das pessoas não valoriza este estilo de literatura, mas nem por isso deixo de ter muito interesse por ela. Gosto muito dos teus textos relacionados a isto, não deixe de escrevê-los e de acreditar no romantismo, enquanto alguns - mesmo que poucos - continuarem a empenhar-se por ele, valerá sempre a pena escrever e sonhar.
      Obrigada pelo carinho, Abraços!

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